top of page

99 HERMANO

Eu sempre ando. E em cada lugar que eu vou, eu vejo situações diferentes e tento entender.
Cada aldeia vive realidades diferentes. No Rio Grande do Sul e aqui temos situações diferentes. Em Porto alegre já é diferente, o jeito de falar, a maneira de ser... vai mudando.
São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, são realidades diferentes. São Paulo, por exemplo, tem aldeia que tem mais quantidade de terra, outras muito pouco. 
E aqui as aldeias tem poucos hectares e são improdutivas. É isso o que eu vejo e vou entendendo cada situação de cada lugar diferente. E daí eu penso que é por isso que as aldeias estão desestruturadas, são poucas pessoas em aldeias pequenas, separadas. Isso não é certo. Temos que tentar ficar cada vez mais unidos. Estamos muitos separados uns dos outros, por causa dos diferentes estados. Isso é o que nos enfraquece e vamos perdendo nossa organização. E isso é bom para os governantes. Quando somos poucos, ficamos mais fracos. Se somos muitos podemos nos organizar melhor. Isso é o que eu percebo quando viajo pelas aldeias. As comunidades com poucas famílias, cinco, dez, quinze famílias não tem força para lutar. Essa situação traz muitos problemas. E nós nos enfraquecemos muito desse jeito. É isso o que eu aprendo nessa caminhada. Desde criança que eu caminho, até hoje, e ainda vou continuar andando e conhecer mais. Nosso estamos cada vez mais fracos, cada vez mais separados.
É isso o que os Guarani falam: quando somos poucos é difícil.
Precisamos ter mais terra e precisamos lutar por isso.
É só isso.

bottom of page