top of page

00 HUEVOS

01 AGUA

02 NINO

03 SAN CONO

04 LA CAMA

05 GATO

06 PERRO

07 REVOLVER

08 INCENDIO

09 ARROYO

10 CANON

11 MINERO

12 SOLDADO

13 LA YETA

14 BORRACHO

15 NINA BONITA

16 ANILLO

17 DESGRACIA

18 SANGRE

19 PESCADO

20 LA FIESTA

21 MUJER

22 LOCO

23 COCINERO

24 CABALLO

25 GALLINA

26 LA MISA

27 EL PEINE

28 EL CERRO

29 SAN PEDRO

30 SANTA ROSA

31 LA LUZ

32 DINERO

33 CRISTO

34 LA CABEZA

35 PAJARITO

36 CASTAÑA

37 EUCALIPTOS

38 PIEDRAS

39 LLUVIA

40 EL CURA

41 EL CUCHILLO

42 ZAPATILLA

43 BALCÓN

44 LA CÁRCEL

45 EL VINO

46 TOMATES

47 MUERTO

48 MUERTO HABLA

49 LA CARNE

50 EL PAN

 

 

Nós caminhamos para nos encontrarmos e falarmos com nossos parentes. Às vezes, caminhamos por causa do falecimento de nossos parentes. Mesmo em lugares distantes, se estamos dispostos.  E assim caminhamos. Às vezes, somos nós que vamos ao encontro deles, às vezes, nossos parentes nos visitam.  Nós vamos e eles vêm, quando assim queremos, ou quando acontece um falecimento.  E assim nós vamos, e eles vêm.  Quando nós precisamos deles, nós vamos. Quando eles precisam de nós, eles vêm. E essa é a vida dos Guarani. Se não estamos tranquilos em um lugar, nos mudamos para outro.  Nos mudamos para uma outra aldeia, ou saímos em busca de um lugar para construir uma nova aldeia. Desde os tempos antigos, este é o nosso modo de ser.  Nós caminhamos. Para nós Mbya… Para nós, a terra não tem dono, quem a criou foi Nhanderu. Por muito tempo pensamos que continuaria assim. Nhanderu criou a terra e nos criou… nós somos filhos da terra e fomos criados para andar livremente por ela. Pelo menos era assim que pensávamos. Desde os tempos antigos, nossos antepassados faziam essas andanças, mudando-se de um lugar para outro. Quando não gostavam de um lugar, tinham a liberdade de se mudar para outro.  Assim era antigamente. E também continuamos assim. Mas agora é diferente. Antigamente fazíamos essas viagens a pé, mas agora dependemos de transportes. Dependemos de transportes, andamos de coletivos.  Esses transportes [ônibus, balsa, carros] permitem que a gente vá para muitos lugares, mesmo que sejam distantes.  Hoje é difícil sair para construir uma outra aldeia, então fazemos apenas essas visitas aos parentes. E, além disso, temos também que fortalecer o lugar onde vivemos agora. Hoje caminhamos não mais para construir novas aldeias, mas apenas para visitar os parentes.  Caminhamos, nos dias de hoje, para visitar nossos parentes.

51 SERRUCHO

52 MADRE E HIJO

53 EL BARCO

54 LA VACA

55 LA MÚSICA

56 LA CAÍDA

57 EL JOROBADO

58 AHOGADO

59 LAS PLANTAS

60 LA VIRGEN

61 ESCOPETA

62 INUNDACIÓN

63 CASAMIENTO

64 LLANTO

65 EL CAZADOR

66 LOMBRICES

67 MORDIDA

68 SOBRINOS

69 VICOS

70 MUERTO (SNO)

71 EXCREMENTO

72 SORPRESA

73 HOSPITAL

74 GENTE NEGRA

75 BESOS

76 LAS LLAMAS

77 PIERNA MUJER

78 RAMERA

79 LADRÓN

80 LA BOCHA

81 LAS FLORES

82 LA PELEA

83 MAL TIEMPO

84 LA IGLESIA

85 LINTERNA

86 EL HUMO

87 PIOJOS

88 EL PAPA

89 LA RATA

90 EL MIEDO

91 EXCUSADO

92 EL MEDICO

93 ENAMORADO

94 CEMENTERIO

95 ANTEOJOS

96 MARIDO

97 MESA

98 LAVANDERA

99 HERMANO

/////////////////////////////

A viagem teve início na cidade de Porto Alegre, onde permanecemos por 3 dias em busca de imagens que tivessem relação direta com os Mbya Guarani. A caminhada pelas ruas do centro da capital gaúcha nos revelou (além de placas de rua, nomes de edifícios, monumentos, etc.) o trabalho do artista Xadalu. Parte de sua obra que conhecemos pelas ruas foram impressões fotográficas em grande formato de guaranis da aldeia Cantagalo na periferia Porto Alegre, um mural com o texto em forma de aviso com a frase “Área Indígena” em verde e amarelo, além de uma grande quantidade de colagens espalhadas pela cidade.
 
Depois desse primeiro mapeamento urbano partimos para São Miguel das Missões para nos encontrarmos com Patrícia e Ariel na aldeia Koenju. Nesse trajeto o que mais nos chamou a atenção foi a imensidão de áreas de plantio de soja e milho transgênicos. Aproximadamente 500km de trajetos marcados pela concentração de grandes extensões de monocultura que só acabam quando se chega nos limites entre aldeia e cidade. Em Koenju passamos 3 dias acampados, envolvidos em definir o trânsito da nossa viagem para a Argentina, fotografar, escrever, visitar velhos conhecidos e conversar com os moradores da aldeia sobre a Jeguatá.
 
Do material produzido nesse primeiro momento surgiu uma estratégia de abordagem linda e cheia de afeto por meio de fotografias feitas com uma câmera polaroid. Ao se deparar com com a possibilidade de revelar a imagem instantaneamente, os mbyas de Koenju viram nessas fotos uma forma de se dirigir e presentear “parentes” de outras aldeias que há muito não encontravam. Nas próprias fotografias eram escritos pequenos recados e saudações, às vezes entregues com presentes enviados de longe.
 
De Koenju partimos para Porto Mauá, cidade fronteiriça com a Argentina onde tivemos nosso primeiro embaço alfandegário em função de documentos do carro no qual viajávamos. Resolvido o problema, deixamos o Brasil e seguimos para Alba Posse após a travessia do rio Uruguay. Nossa viagem ainda iria nos levar para El Soberbio, última cidade antes de chegar na aldeia Pindó Poty ao final do dia. Acampamento levantado, nossa primeira noite na aldeia. Pindó Poty fica na região de Misiones, na Reserva Yaboti. Por Pindó passaram a mãe e a avó de Ariel. O que guiava a viagem era sobretudo a busca por esses lugares por onde caminharam seus parentes. Ali encontram-se várias aldeias mbya, entre elas a vizinha Jejy, formando a rota Pegada Guarani, num percurso de 60km. 

De Pindó Poty, seguimos para Aristóbulo e Kuña Piru, para rever velhos amigos e parentes e, então, as ruínas jesuíticas de San Ignacio. Cruzamos a fronteira entre os dois países, de São Tomé a São Borja, de volta a Koenju.

bottom of page